2006/05/30

Cem por cento!

Ontem vivi um inexistente videoclip do Palma: eram sete da tarde e estava-se tudo a passar. Mil pessoas acotovelavam-se no terminal. Aqui e além, o inefável reaça com a inefável conversa do eles-não-querem-é-trabalhar. Por toda a parte, gente espantada, conformada, pensei que sempre houvesse um ou outro barco a funcionar, como das outras vezes. Mas nada. Nem um. Tudo parado. Até às sete e meia só restava esperar.
No meio disto tudo, um grupo de passageiros que se tinha encontrado por acaso vivia o transtorno como se de uma festa se tratasse. Sorrisos estampados no rosto, que se lixasse o que havia para fazer, isso ficava para depois. Grande greve! Vai ser assim a semana toda. A Maria pôs o dedo na ferida: quem faz uma greve destas é porque não tem nada a perder (não lhe perguntei se estava a lembrar-se do Manifesto). Já terminado o período de greve, a bordo do Cacilheiro, gente que nunca tínhamos visto concordava connosco: eles realmente ganham mal, é uma vida sacrificada.
De nós todos, o melhor foi o Arnaldo. Sorridente, parado no caos do terminal, despediu-se de nós: vão vocês, eu fico aqui a apertar com estes reaças. Queriam fura-greves, não?
Bem nos tinham dito aqueles marinheiros: isto para o fim do mês vai dar que falar. Até sexta-feira, a Transtejo está em Greve por melhores salários. A adesão foi de 100% no primeiro dia. Toda a frota parou. A luta é que continua.
É sempre bom encontrar os amigos. Melhor ainda quando é numa greve assim. Mesmo que seja na óptica do utilizador.