2006/04/28

Scolari


Luis Felipe Scolari é um homem correcto e com verticalidade. Tais virtudes começam a ser raras. Estimem-no!

2006/04/27

Três Louros secos para Laurentino

Primeiro:
Consulte a página da secretaria de Estado da Juventude e do Desporto e conte quantas vezes lá aparece o nome, e sobretudo a fotografia, do governante.

Segundo:
Aprecie o seguinte comentário:

“Repetir mil vezes a mesma mentira faz dela uma verdade. Neste caso, repetir mil vezes a cara de Laurentino Dias faz dele, certamente, um bom governante.”
Pedro Rolo Duarte, in “Diário de Notícias”, de 26 de Abril de 2006.

Terceiro:
Classifique, respondendo com seriedade
a) Culto da personalidade
b) Personalidade inculta
c) Acultura política
d) Nem tenho palavras

2006/04/25

Portas out

Quando o ex-autarca de Évora, Abílio Fernandes, usava da palavra, Paulo Portas aproveitou para abandonar o hemicíclo onde decorre a sessão comemorativa do 25 de Abril. Em busca de quê? Portas, com ou sem Telmo, está out...

Telmo fora do regime

O deputado do CDS-PP Telmo Correia está mesmo fora do regime. Revelou-o à saciedade na intervenção que hoje proferiu no Parlamento durante a sessão "comemorativa" do 25 de Abril. Ele nada comemora.

2006/04/24

32 vezes 25 de Abril


O 25 de Abril será, a par da implantação da República, uma das duas datas mais importantes do século XX português. Digo mais importante, pela transformação que originou e pela evolução social, ainda que controversa, a que incontestavelmente deu início.
Em 1910 estivemos, na Europa, entre os pioneiros que derrubaram a monarquia.
Em 1974 já não estivemos entre os pioneiros que encetaram a via democrática mas contamo-nos entre os primeiros que deram conteúdo útil e bem profundo à democracia. Portugal traçou novos caminhos e sobretudo novos rumos.
A nossa matriz constitucional então criada, ainda hoje pede meças a muitos e bons, apesar de frequentemente apoucada e sobretudo minada. Pede o momento, façam-se votos para que os direitos consagrados sejam, cada vez mais, direitos exercidos, fruídos e efectivamente garantidos.

2006/04/21

Aniversário


Há alguém que hoje mesmo completa meio século de idade. Bem-feita! Este meio século correu à velocidade do vento. Já lá vai! Que lhe faça bom proveito.

Ninguém sabe se por essa pessoa passará mais outro meio século. Provavelmente não passará. Que se dane, pois não é só em tempo que a vida se mede.

Mas desejo, lá isso desejo eu, que nada do que de bom aconteceu no primeiro esteja à priori vedado a ocorrer no segundo meio século. Assim haja vontade, largueza de espírito e coragem para contemplar o tempo que sempre e sempre nos quer ultrapassar.

Passemos pois pela vida, antes que a vida passe por nós sem disso darmos conta.

2006/04/20

Disparidade na Paridade

O que aconteceu há instantes no hemicíclo de São Bento é uma vergonha.
O Presidente da Assembleia da República havia já proclamado o resultado da votação da chamada Lei da Paridade: a lei foi rejeitada, em votação final global, com 111 votos favoráveis e 90 votos contra, pelo simples facto de a Constituição exigir para essa aprovação uma maioria absoluta dos deputados em exercício de funções, ou seja 116.
Depois, no final de cerca de uma hora de confusão geral, o Presidente proclamou um segundo resultado, validando mais onze votos do PS, que faz aprovar a lei pelo Plenário dos deputados sem que a primeira proclamação do resultado tenha sido impugnada ou sequer anulada.
Assim se destrói a democracia, com pequenos grandes gestos.

«Casino Mayer»

Foi inaugurado o Casino de Lisboa. Eis o produto de uma «santanada» ficcionada e demagógica.

O Parque Mayer, que serviu de moeda de troca para a implantação do Casino, continua desfeito. Os artistas enganados. Tudo na mesma na Avenida, mas com pompa e circunstância, lá para os lados do Parque das Nações.

Espero bem que do projecto de renovação do Parque Mayer com o traço do arquitecto Frank Gehry nunca nasça uma espécie de elefante branco.

Falta com consequências agravadas


Eis uma daquelas faltas que merecem ser assinaladas. Não as ditas faltas desviantes e empoladas por jornalistas. Esta vem devidamente imortalizada na manchete de hoje do «Público».

2006/04/19

“Entre-os-Rios” está em julgamento


No dia 4 de Março de 2001, um pilar da Ponte Hintze Ribeiro, que ligava Castelo de Paiva a Entre-os-Rios, ruía, provocando o desabamento de dois tabuleiros da ponte. Foram arrastados para o rio Douro um autocarro e dois veículos ligeiros. Faleceram no trágico acidente, que provocou uma onda de choque no país, 59 pessoas. Constatou-se que o pilar P4 não apresentava o necessário "enrocamento protector" em volta. O acidente, ainda não esquecido, teve consequências várias, entre as quais a demissão do então ministro Jorge Coelho.

Volvidos cinco anos iniciou-se hoje, finalmente, em Castelo de Paiva (salão dos Bombeiros) o julgamento do processo de Entre-os-Rios. São arguidos quatro técnicos da ex-JAE e dois funcionários de uma empresa de consultadoria. Ficaram de fora 22 ex-arguidos, inicialmente indiciados, de sete empresas que promoviam a extracção de areias naquele local do rio. O processo por pouco não foi já arquivado devido a um despacho de não pronúncia de um juiz de instrução.

Tal como na altura se disse, continuo a desejar que a culpa não morra solteira. Se houve negligência, há responsáveis, há culpados, haverá condenados. Aguardemos pois, com serenidade e confiança.

2006/04/12

Se a justiça é feita em nome do povo, o povo que o diga

1. Quando um tribunal supremo se pronuncia, em definitivo, fica dita a última palavra sobre o diferendo. Assim se entende que as decisões finais do Supremo Tribunal de Justiça, quando transitadas em julgado, constituem “o final da picada”. Nada mais mudará o rumo dessa justiça, assim traçada, seja ela qual for.

2. Foi hoje noticiado que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) considerou «aceitável» o comportamento da responsável de um lar de crianças deficientes em Setúbal, indiciada por maus tratos, nomeadamente por dar palmadas e estaladas aos menores e fechá-los em quartos escuros quando estes se recusavam a comer. O STJ aprecia que fechar crianças em quartos será um castigo normal de um «bom pai de família» e que a omissão de estaladas e palmadas, pode até configurar negligência educacional.

3. Esta notícia levantou a celeuma que podemos observar e dará porventura ainda muito que falar nos próximos tempos. Esta é daquelas “notícias rastilho” cujas repercussões ninguém conhece nem antevê no início.

4. É bom saber e registar que uma decisão do órgão de justiça de superior hierarquia, ainda pode ser sindicada pela opinião pública, pela voz do povo, em nome do qual a justiça é feita.

2006/04/11

Adeus Berlusconi… Olá Itália!

Rejubilo pelo resultado eleitoral em Itália, independentemente das soluções políticas que aí venham e das arrumações pós-eleitorais. Irei de novo, com gosto, passar lá uns dias.

A Itália está talvez na cauda da Europa, no que respeita à qualidade da política no concerto das Nações dianteiras europeias. Muito disso se deve a Berlusconi e à visão da política e da coisa pública, como algo de que alguém se pode servir em vez de servir a comunidade. Em vez de instrumento para uso próprio, as alavancas da política devem estar ao serviço, exclusivo, dos fins e dos interesses públicos.
Se cada povo tem o governo que merece - dizem - talvez agora o italiano mereça a experiência Prodi já que de Berlusconi e das suas avarias estávamos todos nós cheios.
Até a capa do «The Economist" consegue dar o tom

2006/04/07

Água e lágrima


A água tudo dissolve, mas só o sentimento a dissolve, em lágrimas.

2006/04/06

Paridade, mas pouco. Só a 33%


O PS, com o BE de pingalim, lá aprovou a paridade impropriamente dita. Agora, as mulheres viraram quotas e entram a martelo na lide política. Há quem, estando contra as ditas quotas, defenda estrategicamente o apoio a tal medida, pelo menos a prazo, para, por via indirecta, inverter a situação da sub-participação das mulheres na vida política. É o caso de Marcelo Rebelo de Sousa. Uma espécie de: já que o touro não vai de caras, pega-se de cernelha. O argumento não colhe.

A insuficiente participação das mulheres na vida política está a montante, todos o sabemos. Se nada se fizer no plano da educação e das mentalidades, por ambos os sexos, e nada mudar na configuração do papel da mulher na sociedade, a dita “paridade” cai que nem um castelo de cartas.

Vamos passar a ter mulheres que entram pelo mérito e mulheres que entram pela quota. Ridículo!
As próprias que se rebelem. Por isto: esta medida é típica de uma sociedade de homens. Envergonha-se agora de o ser e não ter sabido ou querido transformar-se. Pelo menos, o PS e o BE envergonham-se disso, e pegam de cernelha em vez de encarar o problema de frente.

Desconfio aliás que a trama não vá resultar.
A despropósito, pergunto: alguém sabe porque razão não é cumprida a quota de 5% para o ingresso de pessoas com deficiência nos quadros da função pública? Também não sei.

2006/04/05

Um uso para o Pavilhão de Portugal


O Pavilhão de Portugal, no parque da Expo ‘98, não é bem um pavilhão, é antes um verdadeiro edifício, e não é pequeno. Tem uma considerável volumetria e custou uma boa maquia. Falou-se em instalar aí a Presidência do Conselho de Ministros, uma ideia para esquecer, como de resto se viu. Também se falou num Museu de Arquitectura, em homenagem ao autor, Siza Vieira.
O edifício está abandonado ou, pelo menos, sem utilidade desde o final daquela exposição mundial. Já lá vão mais de 7 anos. O tempo não perdoa. Embora o edifício ainda não apresente sinais de desmazelo, o que é certo é que nada justifica uma tão longa indefinição para um imóvel ainda por cima emblemático.

E hoje? Não há mesmo nada, que possa dar ocupação ao antigo pavilhão de Portugal? Mesmo nada, nada? Que falta de imaginação!

Que tal isto: centro de exposições itinerantes para animação do Parque das Nações, aliás já de si bem concorrido; local de promoção e venda de produtos regionais a utilizar pelas diversas regiões de turismo; mostra e promoção de artesanato; colocar lá dentro a feira de antiguidades e de alfarrabismo que agora se faz ao ar livre, debaixo da pala.

Que tal um uso permanente: não temos museus em demasia; abra-se mais um museu, se faz favor. O Museu da Cidade, ao Campo Grande, está confinado no espaço e no tempo. Abra-se então outro Museu da Cidade. E se esse museu estiver aberto aos fins-de-semana, ainda melhor.

2006/04/04

Margarida Rebelo Pinto? Tristeza!


Ao que parece a escritora (sê-lo-á?) MRP destruiu, de uma assentada, um pequeno imaginário, nosso. Os escritores, supostamente, criam mundos imaginários que nos oferecem em empolgantes páginas de realidade ficcionada recheadas de ideias novas e vigorosas que desafiam a nossa imaginação e nos transportam para mundos íntimos e belos. Faz-nos bem e sentimo-nos bem quando, além de bem escrito, lemos um livro bem esgalhado. Encontramos frequentemente no livro, essa é a intenção, a tranquilidade do novo belo que nos transporta em sonhos para momentos de paz interior.

Ora, a imaginação tem limites, sabemo-lo bem. Por isso mesmo, nem todos os que sabem escrever escrevem bem. Embora dominem a técnica da conjugação verbal, falta-lhes aquela essência que produz conteúdos úteis, imaginativos e surpreendentes. MRP afinal autoplagia-se. Esta palavra nem deve vir no dicionário, mas em todo o caso ficamos a saber que a autora MRP se basta com cópias, extensas cópias de si própria, em sucessivos livros. Surpreendente. Que tristeza! E se a senhora escrevesse menos?