2006/07/05

Conversa de xadrez (1) – o ataque ao roque

A partida começa, não sem antes os contendores se medirem, de alto a baixo, ao longo de todo aquele imenso campo de Marte composto de 64 minúsculas casas claras e escuras.
Surge no alvor o primeiro ruído de metais. Era o nervoso próprio da batalha iminente.
O alvo peão avança duas casas para e-4. A resposta preta vem rápida, para e-5, encostando a peitaça à armadura do encorpado e-4.
– Quieto aí ó branco que já não arredas pé – vocifera o preto bem alto lá para diante em gesto guerreiro.
– Isto está a ficar tudo igual – ouve-se na trincheira dos peões. O soldado raso é sempre o primeiro a tombar.
A contenda continua. Com a cavalaria.
Ao cavalo em c-3, respondem as negras colocando o seu na quadrícula f-6.
– Monótono – boceja a dama de preto. Podem servir-me um Xerez?
Alto!
As alvas posicionam agora todo o seu credo religioso, avançando o estratégico bispo, na diagonal, de f-1 para c-4. E logo o cavalo preto ocupa e-4 ao som vibrante da armadura do tal peão de brega que cai inanimado.
Alguém se lembra e exclama:
– Está em marcha um violento ataque ao roque.
Era a batalha de Elvis.
(continua)