2006/06/30

Agarrar o ontem


(…)
Este momento deveria ser de alegria. Deveria saber a vitória. Como atingir um cume, um pico, uma meta, um desejado objectivo.
Deveria, e, sem deixar de o ser, não consigo senti-lo como tal. Há neste instante qualquer coisa que nele falta. Falta algo que o torna não invulgar mas vulgar, não diferente de tantos outros momentos anteriores em que nada de especial aconteceu. Claro, do que se trata é apenas de um momento ou instante em que algo de supostamente novo aconteceu, qualitativamente novo. Mas será que aconteceu mesmo? Aconteceu o que mais eu queria que acontecesse? O que aconteceu é assim tão relevante? Esse instante contém algo de marcante? Algo que o tornou tão diferente de outros momentos já vividos?
Não lhe consigo sentir o alcance.
Nada disto faz sentido.
(…)
29.6.2006

2006/06/26

Calar o sentir

Há situações em que não dizemos o que sentimos.
Mas sentimos, tão intensamente como quem diz o que sente.
Só não somos capazes de dar conta do sentir, naquele instante, naquela curva da vida.
Mas sentimos, tão ardentemente que não conseguimos expressar o que expressar queríamos.
Só não somos capazes de entender bem o que sentimos, e como o sentimos.
Nem sabemos medir as consequências do que sentimos. O presente tolhe-nos o futuro quando temos receio dele.
Por isso, calamos o sentir.
Assim, não nos damos a sentir.
E, calados, calamos a vida que nos anima.

2006/06/23

Sentir e dar


É tão bom sentir. Mas melhor ainda é dizer o que se sente.
É como oferecer um presente.
Sabe bem dar presentes a quem se sabe que sente o que se dá.
Por isso se sente o que se diz.
Por isso dizemos o que sentimos.
É bom sentir.
Faz-nos viver!

2006/06/20

Caças e Patrulhões a menos

Para que conste, o Ministro da Defesa confirmou hoje na Comissão Parlamentar de Defesa Nacional (na AR) a venda de 12 caças F-16, ainda encaixotados, que Portugal havia comprado aos EUA. Assim se atalha, e bem, uma aquisição mal dimensionada, operada em 2001, que apontava para uma desnecessária previsão de custos final de cerca de 60 milhões de contos. Em vez de duas esquadras de 20 caças F-16 cada, passaremos a ter duas esquadras de apenas 14 aparelhos (28 aviões). Boa malha no desperdício. Nem havia pilotos para eles.

O ministro confirmou ainda, a sua falta de empenhamento, e do governo, no necessário programa de construção dos Patrulhões nos estaleiros de Viana do Castelo. Por omissão de informação que lhe fora solicitada e pelos dados que figuram no anexo à Lei de Programação Militar, conclui-se que este programa se arrastada no tempo e não surge como prioridade do Governo. É pena, porque disso precisava o país oceânico que somos.

2006/06/08

Caças à venda em caixotes

O ministro da defesa anunciou que o Estado vai vender, ainda encaixotados, 12 dos caças F-16 que o Governo Guterres tinha comprado aos Estados Unidos.
Faz bem. Não tinhamos dinheiro para a sua manutenção, nem para o seu upgrade, nem sequer havia militares com formação para os pilotar. Se já a 1ª esquadra de caças se sustenta a custo, para que servia uma segunda esquadra de F-16? Cagança militar? Para nada, viu-se agora.
Mas este Governo também deve ir pelo mesmo trilho. Os 8oo milhões de euros para os dois submarinos também são mesmo necessários? Ou precisamos antes de equipamento naval adequado á vigilância da nossa Zona Económica Exclusiva?
Mais desperdício!? Apre!

2006/06/07

Casino Mayer (2)

O «Público» titula hoje: «Câmara abandona projecto de Frank Gehry para o Parque Mayer».
Assim:
1. Se era para lá edificar um elefante branco, então aplaudo o retrocesso ora tornado possível. Mas que recuem mesmo.
(veja-se o post de 20 de Abril)
2. Registo que esta triste "santanada", que dura há 3 anos, já custou ao município lisboeta cerca de 2,5 milhões de euros. Eis o preço da trapalhada de Santana Lopes. Basta de desperdício.
3. Que se dê ao Parque Mayer o que sempre foi, desde 1922: diversão lisboeta.

2006/06/02

Veneza… um dia…


Veneza é linda. Inspira, provoca e alimenta paixões. Não por lá ter vivido Casanova, mas porque lá aportam muitos corações, abertos e sedentos de amor, carentes de aventuras partilhadas. Embora sendo desconhecidos, têm destinatários determinados ou, tão só, estão abertos à vida, despertos para ela. Merecem-na por isso.

Veneza é um poema, de sílabas por descobrir, de rimas surpreendentes, de sublimes palavras, com inesperados significados e profundos sentidos. Tem uma métrica perfeita, rendilhada em séculos de vivência e arte.

Veneza é uma melodia, trauteada em pedras de calçada, dedilhada ao som dos canais, feita de meios tons e claves de sol que a adornam desde a Piazza San Marco até à Ponte di Rialto, marcada pelo vigoroso ritmo que em solfejo nos arrebata os sentidos. Tem uma musicalidade límpida e harmoniosa.

Tenho saudade dela. Como desejo de novo aportar Veneza, essa, que o Mundo conhece, ou qualquer outra, que lhe faça as vezes, com vantagem.

Um dia… Com ela.