Agarrar o ontem
(…)
Este momento deveria ser de alegria. Deveria saber a vitória. Como atingir um cume, um pico, uma meta, um desejado objectivo.
Deveria, e, sem deixar de o ser, não consigo senti-lo como tal. Há neste instante qualquer coisa que nele falta. Falta algo que o torna não invulgar mas vulgar, não diferente de tantos outros momentos anteriores em que nada de especial aconteceu. Claro, do que se trata é apenas de um momento ou instante em que algo de supostamente novo aconteceu, qualitativamente novo. Mas será que aconteceu mesmo? Aconteceu o que mais eu queria que acontecesse? O que aconteceu é assim tão relevante? Esse instante contém algo de marcante? Algo que o tornou tão diferente de outros momentos já vividos?
Não lhe consigo sentir o alcance.
Nada disto faz sentido.
(…)
29.6.2006